Tirando o suco da laranja das equipes
Já ouvi muitos gestores se gabando de exigir de suas equipes o máximo de desempenho, extraindo o “suco da laranja” de seus colaboradores … e deixando só o bagaço no final do período.
Obviamente todos os gestores querem o máximo de desempenho de suas equipes. Em projetos queremos a entrega do combinado dentro do prazo e do custo estipulados, assim como em vendas buscamos o atingimento dos objetivos comerciais definidos.
Mas e quando a equipe não está preparada para alcançar os objetivos, como ela consegue conquistá-los? É a magia do “líder espremedor de suco”? E ainda cabe perguntar: por que sobra apenas o bagaço da equipe depois desse resultado?
Simples: a equipe trabalhou muito mais do que deveria ter trabalhado. Troca-se a qualidade do trabalho pelo esforço para o atingimento de resultados. Extrai-se todo o suco, o sangue, a vontade e a dedicação de uma equipe despreparada em troca de um resultado de curto prazo.
Sim, curto prazo, amigo leitor.
Pessoas comuns não aguentam pressão por longos períodos. Mesmo os incomuns, mais fortes, tendem a esmorecer com o tempo, ficando doentes física e psicologicamente.
O alto turnover em equipes de alto desempenho se justifica em boa parte nestes termos. Gestores incompetentes não preparam seus colaboradores para a conquista de resultados via qualidade e sim via pressão psicológica.
E depois ainda se orgulham de ter tirado o “suco da laranja” de seus colaboradores.
Sempre tive a visão de que uma equipe de excelência deve ter duas características básicas:
- Capacidade individual de autogerenciamento, onde cada um dos membros da equipe é capaz de realizar o planejamento e a execução de suas tarefas independentemente do acompanhamento do gestor
- Um gestor estrategista, que busca informações e analisa cenários de maneira a guiar as mudanças necessárias em macroprocessos
Nesse tipo de equipe não existe espaço para “sucos” e “bagaços”. Existe planejamento, desenvolvimento e constante troca de informações.
O planejamento é feito por toda a equipe, não imposto pelo gestor.
Infelizmente no Brasil nós ainda vivemos em um ecossistema empresarial que mais parece um pomar cheio de frutas a espremer do que conjuntos de pessoas intelectualmente preparadas para enfrentar os desafios organizacionais modernos.
O autor é consultor da IDATI CONSULTORIA E TREINAMENTO